
Somente em 2022, 652 agrotóxicos foram liberados, maior número da série histórica em 23 anos e alta de 16% em relação a 2021. Reestruturação da Anvisa explica crescimento, dizem especialistas.
A aprovação de novos agrotóxicos no Brasil vem crescendo ano a ano desde 2016, renovando recordes.
Somente em 2022, 652 agrotóxicos foram liberados, uma alta de 16% em relação a 2016 e o maior número já registrado pela série histórica da Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins (CGAA) do Ministério da Agricultura, que começou há 23 anos.
Bolsonaro liberou 2.182 agrotóxicos em 4 anos, recorde para um governo desde 2003.
Uma fonte do Ministério da Agricultura disse ao g1 que o número alto de liberações está relacionado a uma reorganização, em 2016, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — que analisa os riscos dos agrotóxicos à saúde humana.
Uma das mudanças foi a atração de servidores de outras áreas da Anvisa para o setor de agrotóxicos, por exemplo. Um dos objetivos era acelerar as análises.
O professor da Escola Superior de Agricultura da USP José Octávio Mentem também associa o recorde a uma maior eficiência dos órgãos registrantes. São estes: Anvisa, Ibama (que analisa os riscos ambientais) e o Ministério da Agricultura, que formaliza os registros.
“Ainda existe uma fila muito grande, mas devido à melhor articulação entre Anvisa, Ibama e Ministério da Agricultura, houve esse aumento dos produtos registrados”, acrescenta.
Dentre os 35 agrotóxicos inéditos liberados aos produtores, 22 foram considerados “muito perigoso ao meio ambiente” pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Veja a seguir os detalhes de cada um.
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Relação dos agrotóxicos inéditos aprovados em 2022. — Foto: Arte/g1
O ex-presidente Jair Bolsonaro liberou 2.182 agrotóxicos entre 2019 e 2022, o maior número de registros para uma gestão presidencial desde 2003.
O g1 consolidou dados por governo a partir da base de informações do Ministério da Agricultura. A série histórica teve início em 2000, no segundo ano do último mandato de Fernando Henrique Cardoso (FHC).
Segundo levantamento, o governo Bolsonaro bateu mais 2 recordes de liberações:
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Aprovação de agrotóxicos vem crescendo ano a ano desde 2016. — Foto: Arte/g1
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Somente em 2022, 98 produtos inéditos foram aprovados, um recorde da série histórica do Ministério. — Foto: Arte/g1
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Produtos biológicos têm baixo impacto ambiental, são voltados para a agricultura orgânicas, mas a produção convencional também já os tem usado. — Foto: Arte/g1
O aval para um novo agrotóxico no país passa por 3 órgãos reguladores:
Um projeto de lei que tramita há 23 anos no Congresso prevê centralizar o aval dos registros no Ministério da Agricultura, diminuindo o poder de decisão do Ibama e da Anvisa.
Rodeado de polêmicas, o projeto está sendo rediscutido no Senado e deve voltar a tramitar no fim do recesso do Congresso, a partir de 1º de fevereiro.
O texto prevê ainda a substituição do uso do termo “agrotóxico” para “pesticidas e produtos de controle ambiental e afins”.
Além disso, cria o registro temporário de agrotóxicos que ainda não foram analisados pelos órgãos brasileiros, mas que são aprovados em três países-membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Fonte: G1.

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