Imagem da notícias

Doméstica mantida em condição escrava por 44 anos na Bahia será indenizada em R$ 500 mil - LFTV

23 de setembro de 2024

Uma indenização de R$ 500 mil será paga a uma mulher de 50 anos que foi mantida em condições análogas à escravidão por 44 anos em Porto Seguro, no sul da Bahia. Ela começou a trabalhar ainda criança como empregada doméstica para uma família da cidade.

O acordo para o pagamento da indenização foi estabelecido entre o Ministério Público do Trabalho (MPT), a família da empregadora e a advogada da vítima. O valor deve ser pago até fevereiro de 2025, prazo estipulado para a venda de dois imóveis pertencentes à empregadora, sob pena de multa de 50% do valor em caso de descumprimento.

A mulher começou a trabalhar aos 6 anos na casa de Heny Peluso Loureiro, falecida no ano passado, e de seus filhos Joaquim Neri Neto e Maiza Loureiro Nery Santos, atuando tanto na residência quanto em uma fazenda da família. Sem acesso à educação, amizades ou relacionamentos, ela trabalhava em troca de moradia e comida, sem receber salário em dinheiro.

Ela não possuía sequer uma certidão de nascimento, que, segundo o MPT, foi obtida anos depois pela empregadora, contendo informações falsas sobre sua filiação. Acredita-se que a trabalhadora possa ser de origem africana, uma vez que não há registros sobre sua família e ela não falava português quando chegou.

Após a morte da primeira empregadora, a mulher passou a viver com o filho dela, que tentou cadastrá-la para receber benefícios sociais, o que chamou a atenção da assistência social. A equipe do Centro de Referência em Assistência Social (Creas) visitou sua casa para tratar da inclusão no CADÚnico.

Sofrendo maus-tratos nas mãos do novo patrão, a mulher buscou ajuda, primeiramente com uma vizinha e depois com uma advogada, que acionou as autoridades públicas e o MPT. Hoje, ela está empregada formalmente, mora em uma casa alugada, estuda à noite para se alfabetizar e está vivendo seu primeiro relacionamento amoroso.

O acordo, firmado no mês passado e homologado pela Justiça do Trabalho, garante o pagamento da indenização de R$ 500 mil, que será viabilizado com a venda de uma casa e uma fazenda herdadas pelos filhos da ex-patroa. Enquanto isso, eles devem pagar um salário mínimo mensal à mulher.

A procuradora do MPT, Camilla Mello, que atuou no caso, declarou que este é um exemplo de tudo o que não deveria ocorrer em uma relação de trabalho, e que, apesar de o valor não reparar o sofrimento da vítima, permitirá a ela a chance de reconstruir sua vida. O acordo quita tanto o processo individual quanto a ação civil pública movida pelo MPT.

Após abrir um inquérito para investigar a situação, o MPT, após tentativas de acordo extrajudicial fracassadas, ajuizou uma ação civil pública. Em paralelo, a advogada da vítima ingressou com uma ação trabalhista para reivindicar o pagamento de seus direitos.

Embora os empregadores não reconheçam culpa no acordo homologado, comprometeram-se a pagar a indenização por danos morais e a regularizar a situação trabalhista da doméstica.

logo LFTV
Homem lendo jornal

Compartilhar Notícia

Notícias relacionadas
Loading...
Loading...
Loading...
Loading...
Loading...
Loading...

Mídia sociais

Como Chegar


Av. Praia de Guarujá, nº 865. Edf. Guaruja Business.
Bairro: Vilas do Atlântico, cidade: Lauro de Freitas - Bahia.
CEP:42707-650
logo LFTV