22 de novembro de 2024
Após 14 anos de abandono, a prefeitura de Salvador finalmente decidiu investir na requalificação de um dos maiores patrimônios da cidade: a orla. No entanto, a proposta levanta questionamentos, já que o projeto prevê uma concessão de 30 anos a uma única empresa. Essa concessionária será responsável pela gestão de 34 quiosques e 70 tendas ao longo de 3,5 km no Parque da Orla, abrangendo as praias da Boca do Rio, dos Artistas, Pituaçu e Patamares.
Na prática, o prefeito Bruno Reis, com apenas quatro anos restantes em seu mandato, está delegando a administração da área a uma empresa privada por três décadas. Avaliada em R$ 18,6 milhões, a concessão terá propostas abertas entre 26 de novembro deste ano e 22 de janeiro de 2025. Porém, surgem dúvidas: Por que um prazo tão extenso? Por que apenas uma empresa? Trata-se de uma revitalização legítima ou de uma privatização velada?
Enquanto isso, os antigos comerciantes e barraqueiros, símbolos da cultura local, enfrentam a incerteza. Apesar do edital de licitação mencionar preferência a eles como futuros permissionários, não há garantias de que não serão substituídos por grandes redes como McDonald’s, Bob’s ou Burger King, que podem ocupar os novos “caixotes gourmetizados” projetados pela Fundação Mário Leal Ferreira. Caso sejam contemplados, os comerciantes terão que decidir entre abrir mão de seus negócios ou aceitar vagas como funcionários da concessionária, perdendo a autonomia que sempre tiveram.
Esse projeto, que muitos consideram um ataque à cultura e à identidade da orla de Salvador, ainda não encontrou resistência significativa de entidades como o Ministério Público, conselhos e institutos de arquitetura e urbanismo, que permanecem em silêncio.
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