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Adolescentes não recebem apoio emocional para lidar com redes sociais, diz pesquisa - LFTV

Uma pesquisa realizada em abril apontou que 90% dos brasileiros com mais de 18 anos e acesso à internet acreditam que os adolescentes não recebem apoio emocional e social adequado para lidar com os desafios do ambiente digital. O levantamento, feito pelo Porto Digital em parceria com a empresa Offerwise, ouviu cerca de mil pessoas de diferentes regiões e classes sociais, com margem de erro de três pontos percentuais.

Os dados revelam ainda que 70% dos entrevistados defendem a presença de psicólogos nas escolas como medida essencial para enfrentar problemas como bullying, violência escolar, depressão, ansiedade e pressão estética — este último citado por 32% dos respondentes.

A pesquisa foi inspirada na repercussão da série Adolescência, da Netflix, que expõe o impacto das redes sociais sobre os jovens e a distância entre pais e filhos no mundo digital. Para o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, o tema exige atenção coletiva. “Não basta debater inovação tecnológica. É preciso colocá-la a serviço da sociedade e do bem-estar dos nossos jovens”, afirmou.

Supervisão parental e desafios

O estudo também avaliou como os pais lidam com o uso da internet por crianças e adolescentes. Entre os mais jovens, até 12 anos, o controle tende a ser mais rigoroso, com uso frequente de ferramentas de monitoramento. Já na faixa entre 13 e 17 anos, há uma flexibilização, com maior autonomia concedida aos filhos. Apesar disso, apenas 20% dos pais disseram ter intenção de adotar ferramentas de controle no futuro.

Segundo Julio Calil, diretor-geral da Offerwise, os resultados demonstram a necessidade de ambientes de acolhimento e orientação dentro e fora das escolas. “É preciso construir espaços mais seguros diante do uso precoce e intenso das redes sociais”, disse.

Plataformas digitais e regulação

No cenário das redes sociais, recentes mudanças nas políticas de moderação de conteúdo por grandes plataformas digitais têm dificultado a identificação e exclusão de postagens com conteúdo ofensivo ou ilegal. Para o psicólogo e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luciano Meira, essas mudanças priorizam interesses comerciais em detrimento da responsabilidade social.

“A ausência de moderação amplia a exposição dos jovens a conteúdos nocivos, como desinformação, discursos de ódio e cyberbullying. Isso ameaça a saúde mental, instituições e até a democracia”, avaliou.

Enquanto isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) julga a constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet, que limita a responsabilização de plataformas por conteúdo de terceiros. Meira alerta para uma possível sobrecarga do Judiciário na ausência de ações preventivas e defende um novo debate sobre o artigo, visando a proteção de públicos vulneráveis, como jovens e idosos.

No Congresso Nacional, o Projeto de Lei 2.630/2020, conhecido como PL das Fake News, segue travado na Câmara após aprovação no Senado. A proposta busca regulamentar as plataformas e impor mecanismos para coibir a disseminação de conteúdos prejudiciais.

Caminhos possíveis: diálogo, confiança e equilíbrio

Para Luciano Meira, a construção de relações baseadas na confiança entre pais, filhos e educadores é o principal caminho para proteger os jovens no mundo digital. “É fundamental um diálogo aberto para que crianças e adolescentes entendam os riscos e desenvolvam senso crítico. O controle autoritário, por si só, é ineficaz”, afirmou.

Ele também recomenda o uso de tecnologias de monitoramento como suporte, desde que inseridas em uma dinâmica de participação e orientação. “É preciso conhecer o que se passa nos dispositivos, mas isso deve vir acompanhado de conversa e envolvimento real.”

Por fim, Meira destaca a importância de equilibrar o uso do mundo digital com o retorno a relações presenciais, como em escolas que têm restringido o uso de celulares para estimular a convivência offline. “A convivência no mundo físico é essencial para a formação de vínculos duradouros e relações baseadas na confiança, não apenas em algoritmos”, concluiu.

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